As consequências do passo maior que a perna
Semana passada Duas semanas atrás eu escrevi uma apaixonada defesa de que às vezes a gente morde um abacaxi maior do que a perna (ou qualquer coisa do gênero, eu não leio essas groselhas que caem no meu e-mail) e tem que dar um se virar. Isso é claro, é meu jeitinho todo fofo de tirar o fiofó da reta. Mas eu dei meus pulos e entreguei quaaaaase tudo o que havia prometido. Assim, espero que a minha ausência da semana passada tenha lhe ardido profundamente nos recôndidos da saudade porque não mandar e-mail semana passada foi exatamente o tal dos pulos que eu apregoei.
Aposto que você não tinha percebido essa, hein? ;ˆP
Pois é, quando eu disse que estava apertado e alguns projetos haveriam de sofrer, quem sofreu foi você. De saudade. Porque a semana me atropelou e nas cambalhotas da vida, não coube sentar e derramar meu coração no e-mail.
Bem, aqui está, coração derramado. Desculpe a nossa falha. Não vai acontecer de novo Vai acontecer de novo. Para caralho, aliás. Te prepara porque a vida não é um morango. É um abacaxi, como já foi estabelecido.
De qualquer forma, voltei.
E então, vamos às novidades: não há novidades
Os atropelos foram gerenciados mas nenhum deles me trouxe um gigantesco benefício sócio-cultural-financeiro-administrativo. Tudo na mesma. O trabalho continua e vai de vento em popa porque é assim que trabalho funciona, você está lá dando 100% e de repente, abraça mais projetos do que deveria e pronto: abacaxi, jeitinho, escolhas de Sofia para os projetos e 150% de esforço e nossa, será que eu vou aguentar e… a tempestade passa. E depois que a tempestade passa, você tira férias? Cai na farra? Não, só volta aos 100% mesmo.
E os meus 100% estão rendendo que ó…
Na atual semana, já escrevi 5100 palavras em projetos variados. E a semana ainda não acabou. Semana passada (aquela…) somente 3200. Bem abaixo da minha média. Na semana anterior a essa, 7400. Meu recorde? Não anotei a quantidade exata, mas passava de 9 mil. Lembrando que um livro funciona muito bem com 40 mil palavras (dá para cuspir um livro por mês? dá, se eu não tiver muito mais o que fazer).
Mas essa semana eu não quero falar de livro, quero falar da segunda melhor coisa depois de um livro: história em quadrinhos.
Estou com essa em mãos já deve fazer uns dois ou três anos. Conheci o Nicolas quando criamos juntos uma história para a coletânea Terror em Nanquim. Aí que a sintonia da parceria deu certo e ele pediu um roteiro para algo maior, autoral. Conversamos um tempinho discutindo influências e o tom da história e mandei para ele um roteiro de 24 páginas sobre um corretor de seguros que oferece proteção contra ocorrências sobrenaturais mas como ele é meio picareta, ele vai fazer de tudo para não pagar.
O Nicolas começou a desenhar e foi ficando divertidíssimo. E ainda trouxe o Andrei para o time, para fazer as cores. Aí, toca procurar financiamento para imprimir a história. Conversamos com uma editora e toparam lançar a revista. Mas a conversa era tão torta, tão cheia de “mas” e “poréns” que deixamos de lado. Aí eu fui procurar uns editais de publicação. Perdemo-los todos. Então no meu momento mais foda-se tudo, Nicolas e Andrei me chamaram para fazermos a famosa vaquinha e passar o chapéu para a publicação. Mas 24 páginas para uma revista é pouco, uma revistinha magrinha, esquálida, coitada.
Resultado, agora que já trabalhamos um monte na revista e nunca ganhamos um centavo, vamos trabalhar o dobro para ver se ganhamos o dobro de centavos (ou seja, zero, já que o dobro de zero é zero mesmo).
Entreguei hoje o roteiro completo, avançando para as 48 páginas. Agora o Nicolas vai desenhar as 24 faltantes, e o Andrei vai colori-las. E quando estivermos mais perto de terminar, a gente lança uma campanha de arrecadação. Então vai se acostumando que daqui a pouco tem choradeira no seu e-mail, pedindo ajuda (“Não dá para viver de arte no Brasiiiiiiiiiil - buáááááááááá”).
E tome spoiler dessa revistinha que está ficando lindona:
Legal, né?
Então, semana que vem eu conto mais sobre ela e sobre como vai ser essa história.
Bêjo!