Esses tempos aí eu falei assim que era para eu ser escritor. Porque sim. E porque eu trabalhei muito ao longo dos anos e, agora eu consigo trabalhar menos. Ao invés de pegar tudo o que eu sei e o que eu tenho de contato e me dedicar de verdade a fazer fortuna, eu decidi dividir os $ / hora e descobri que eu podia trabalhar menos horas. E assim o fi-lo-o, para desespero dos coaches. Eu trabalho em baixa performance!
Assim me sobra tempo para escrever. Só faltava a disciplina.
E assim, eu inventei a disciplina: prometi-me escrever 1.000 palavras por dia (o equivalente a uma imagem).
Mas não posso negar minhas raízes. O caos está aí e sempre estará aí e é preciso respeitá-lo. O caos é o pai de todos os problemas, mas pai é pai, tem que respeitar, certo?
Na verdade, não. O caos para mim tem um significado muito menos romântico e muito mais etmológico. Você acha que o caos é bagunça, é cada um por si, barata voa e as caralha tudo. Pode ser, mas para mim o caos é a desgovernança. É atravessar na diagonal as regras. É o oposto da lei e da ordem, o que é um problema se eu pretendesse me tornar bandido, mas é muito bem vindo nas artes.
Na arte, dançar conforme a música só é bom para bailarinos. E ainda assim…
Aliás, a literatura pingou de movimento literário em movimento literário: do romantismo para o naturalismo, do naturalismo para o parnasianismo e etc. E aí que um movimento literário só florescia chutando o balde do movimento anterior. Eram 50 anos falando do indivíduo só para alguém chegar e falar: agora é hora de falar do coletivo.
Caos empurra a arte para a frente.
Comigo o caos tem ajudado. Agora estou escrevendo para revistas e concursos americanos. Eu nunca me imaginei escrevendo (consistentemente) em inglês. E ainda mais, sendo esperto em inglês! Tá doido, sô…
E ainda por cima tenho que sacar qual é que é do mercado gringo e só então romper umas barreiras por lá.
Não o faria sem o meu caos. Não o faria largando textos pela metade em recantos escuros do meu computador. Não o faria buscando seguir a lei e a ordem. Dentro da lei e da ordem, não há inovação.
Aliás, é por causa da lei e da ordem que o as inteligências artificiais nunca vão escrever nada interessante. Mas a gente fala disso um cadinho semana que vem, se eu sobreviver a ela! (tem tanto trabalho essa semana, virge…)
Bêjo!
E essa semana estou (re)assistindo My Name is Earl, série de 2005 sobre um malandro que resolve reparar todas as sacanagens que fez na vida por causa do karma. As atuações são excelentes, o roteiro é impecável e eu rio que nem criança. Está na Disney+ e vale a pena!
Estou lendo 23 Minutos do Waldson Souza, que conta a história de um adolescente que é assassinado, acorda 23 minutos depois e morre todo dia no mesmo horário com o mesmo tiro. Fascinante e inteligente, mas tem muita descrição da vida chata de um adolescente fazendo trabalho de escola e se descobrindo, o que me tirou um pouco do ritmo do suspense. Nota médio com louvor. Vale R$ 45 e tem 240 páginas.
Agora sim, fui. Re-bêjo.