Continue a nadar, continue a nadar
Este é um texto em homenagem à Dori de Procurando Nemo
Ali para 10 de Abril marromeno eu tomei uma rasteira de algo que parecia ser uma oportunidade de publicação interessante. Doeu e foi meio esquisito, mas ok, passou. Eu tirei umas duas semanas para ficar ranzinza chutando as portas e mastigando palavras. Reclamar faz parte. Muito parte. É quase tudo. Tá bom, eu adoro reclamar. Reclamo mesmo e me acho plenamente no meu direito. É meu processo de cura. Até que ajudou.
E, claro, tendo aquele feriadão que começou na sexta e terminou na segunda não atrapalhou nem um pouco meus planos de abandonar toda a carreira literária e reclamar da vida.
Aí chegou terça, levantei a cabeça, chacoalhei a poeira e dei a volta por cima. Não, não foi exatamente por cima. Quem sou eu para ter essa potência toda? Ainda estou calculando a rota da volta, mas pelo menos estou de pé, escrevendo e palestrando. O mundo não parou de rodar. Os projetos que não prestaram vão para o fundo de uma gaveta escura (nunca jogue nada fora — pode ser útil um dia) e os que ainda tem esperança estão na fila aguardando, então é arregaçar as mangas e continuar fazendo o que a gente faz.
Cá estou eu, nadando de novo.
Essa peixa é a amiga desmemoriada do Nemo em Procurando Nemo, animação de 2003. Ela canta uma musiquinha de “continue a nadar” e não sabe para onde está nadando e nem por quê, só sabe que está nadando. Não deixa de ser um recurso interessante.
Se você tem claro o seu caminho na vida e as perspectivas de vida todas, tem tudo planejadinho, esquece o que eu falei, apague este e-mail e até semana que vem com outro assunto. Mas se você está metido em uma empreitada que não possui caminho certo — como eu —, pensa cá comigo:
Muito do trabalho é baixar a cabeça e fazer. Só fazer, sem muito plano, sem muito recurso. Não tomar decisões, não querer mudar o mundo, só fazer. Há um risco de você estar indo na direção errada, claro. Mas esse é um risco pequeno. Há um risco de você estar indo na direção certa, mas este também é bem pequeno. Já pensou se fosse assim? Sair andando sem ter o mapa da mina nas mãos e mesmo assim chegar até a mina de ouro? Pouco provável, né? Tirando essas duas possibilidades que são pequenas, a probabilidade maior é você trilhar um caminho desconhecido que não era o planejado, mas assim mesmo chegar em algum lugar completamente diferente.
É isso que estou fazendo agora, lançando as garrafas ao mar e ver o que de lá.
Enquanto isso, a vida continua andando e as garrafas que eu já havia lançado ao mar antes de dar com os burros n’água (suponho que no mesmo mar), começam a trazer alguns resultados.
Estou com 3 projetos de roteiro de quadrinhos em andamento (em diferentes fases de produção, com 3 artistas diferentes, sendo eles:
10 páginas para um concurso no Japão com Nicolas Santos
48 páginas (!) para sabe-se lá onde publicar com Digo Freitas
Todas as páginas (uma publicação online contínua de 1 página por semana para todo o sempre) com Fernando Capprica
E um calendário divertido de palestras. Estas semanas que passaram tive uma série de palestras.
Primeiro foi no SESI, falando sobre solarpunk:
E depois com 4 turmas do sexto ano da Comunitária sobre HQ e como imagens e palavras trabalham juntos:
E nas próximas semanas vou duas vezes palestrar ao SESI da Vila Leopoldina lá em São Paulo.
Enquanto isso tem uma meia dúzia de três ou quatro livros de tamanhos diferentes que às vezes eu escrevo umas 500 palavras aqui, às vezes mando umas 1.000 ali… Vou semeando as ideias e depois eu vejo para que lado a bagunça andou. Se apontar para algum lado interessante, eu prometo que volto aqui correndo para contas os acontecimentos.
Por enquanto, esquece as penas e continue a nadar, continue a nadar…
Bejo!
E para falar de algo que eu nunca falei aqui: eu tenho uma lojinha, sabia? Onde você pode comprar cada um dos meus livros e HQs.
Cola lá!
Ooo Felipe... valeu
Continue a nadar, porque tem muita gente pra te ler nesse mundão!